Inspiração

Brises, Cobogós e muxarabis: quais as diferenças entre eles?

Presentes na arquitetura brasileira há muitas décadas, os brises, cobogós e muxarabis foram concebidos para promover a passagem de luz e ventilação naturais. Ao longo do tempo, um banho de design e criatividade tornou essas soluções um diferencial também no quesito estético dos projetos. Incorporados dentro de casa, viraram verdadeiros trunfos em tempos de integração, pois conseguem isolar ou trazer um pouco de privacidade aos ambientes sem segmentá-los. Tem alguma dúvida sobre o tema? O arquiteto Raphael Wittmann, do escritório Rawi Arquitetura, responde às principais dúvidas sobre o assunto.

O que são os cobogós?
Os cobogós são elementos vazados de origem brasileira, compostos geralmente por peças cerâmicas ou de concreto, utilizados em paredes ou divisórias ou até fachadas. Seu surgimento se deu no movimento Moderno pela inspiração nos muxarabis, elementos tradicionais da arquitetura árabe que já eram utilizados na arquitetura portuguesa e brasileira. Além de sua função estética, os cobogós também são práticos para controlar a ventilação e iluminação natural, proporcionando uma sensação de leveza aos ambientes e ludicidade.


Na Casa Alegre, o arquiteto Raphael Wittmann compõe a fachada a partir de cobogós cerâmicos. | Projeto Rawi Arquitetura + Design | Foto: Juliana Deeke

O que são Muxarabis?
Os muxarabis são elementos arquitetônicos tradicionais, caracterizados por treliças de madeira ou outros materiais vazados, que são utilizados para criar divisórias ou revestimentos em janelas e varandas. Originários da arquitetura árabe, os muxarabis têm uma longa história e são conhecidos por seu papel funcional e decorativo.
Esses elementos são frequentemente encontrados em regiões de influência árabe, como no norte da África, na Península Ibérica e em algumas partes do Oriente Médio. No entanto, sua presença e apreciação se expandiram para diferentes contextos arquitetônicos ao redor do mundo, sendo incorporados em projetos modernos e contemporâneos
que buscam resgatar elementos culturais e históricos.


O muxarabi é o elemento arquitetônico que dá nome ao projeto do apartamento de 278m², ele faz a interface entre o hall de entrada e a sala de estar. | Projeto Rawi Arquitetura + Design | Foto: Rafael Renzo

Onde usar os muxarabis?
Não há um local determinado ou mais indicado para usar o muxarabi. Eu diria que é possível usar em qualquer cômodo onde o desejo é filtrar a passagem de luz e visibilidade do ambiente, mas não requer um bloqueio total de vista e luminosidade, por isso é muito comum que sejam aplicados em salas, varandas e quartos.

No projeto da Casa Mirante do Vale, o arquiteto Raphael Wittmann cria um jogo de luzes entre o interno e o externo, utilizando o elemento do muxarabi. | Projeto Rawi Arquitetura + Design 

Esse elemento, durante o dia com a luz natural, quem está dentro do ambiente consegue ver o lado de fora através dele. E quem está do lado externo, só vê o muxarabi e não consegue ver dentro da edificação. E isso se inverte quando há a luz artificial nele.

Os muxarabis estão em alta?
Sem dúvida, temos proposto nos projetos cada vez mais… a gente sabe que os grandes escritórios usam em grande escala no Brasil e ao redor do mundo. Por ser um elemento não muito barato, seja realizado por marcenaria ou por lojas, obviamente se torna uma possibilidade perfeita para alguns projetos.
Temos utilizado nos nossos projetos, pois adoramos tanto seu efeito decorativo quanto de filtragem de luz, criando sombras muito bonitas e tornando os espaços mais interessantes.

Como não errar no uso do muxarabi?
Em termos projetuais, o muxarabi pode ser utilizado como um recurso para filtrar a luminosidade e a privacidade, então para não errar, é importante avaliar a incidência de Sol e necessidade de privacidade… e é por isso que eles são tão empregados nos quartos e respectivas varandas, mas nesses casos quase sempre são de abrir ou de correr. Claro que isso não impede de que seja aplicado em portas, garagens, salas, tudo depende da sua necessidade e dessa análise do local.
Com relação à sua execução, é importante que seja bem executado, com uma madeira de boa qualidade que resista ao Sol e às chuvas quando aplicado em áreas externas. Além disso, quando tem sistema de abrir ou correr, existem recursos mais funcionais, podendo ser estruturado em metal para evitar empenamento, aumentando sua durabilidade e reduzindo a manutenção.

O que são brises?
Eles despertam atenção pelo forte apelo estético, mas seus benefícios vão muito além, como privacidade, leveza, principalmente filtragem de luz e arejamento. Criação de Le Corbusier, que data de meados do século XX, o recurso marcou a arquitetura moderna brasileira entre os anos de 1930 e 1960 e, desde então, nunca mais saiu de moda. Constituído por lâminas aplicadas em conjunto, tanto na vertical quanto na horizontal, o aparato pode ser executado em diversos materiais e acabamentos, com predomínio da madeira.
As brises horizontais são indicadas para fachada norte, nordeste e noroeste, enquanto as horizontais para o leste e oeste, por conta da maior incidência de luz nessas fachadas; estas devem ser calculadas de acordo com a carta solar para que tenham o tamanho e inclinação corretos.
Outro diferencial é que a instalação permite hastes fixas ou móveis, a depender da necessidade de cada recinto, em soluções automatizadas ou não.


No projeto desse escritório de advocacia localizado no icônico Edifício Itália, os brises horizontais circulam todo o perímetro da fachada, filtram a luz e se relacionam com a arquitetura de interiores. | Projeto Rawi Arquitetura + Design | Foto: Alexandre Disaro

Quando usar brises, cobogós ou os muxarabis?
Todas essas soluções visam a entrada de luz e ventilação naturais e podem ter diferentes usos numa casa ou num apartamento. O uso será definido de acordo com a necessidade do projeto, com o gosto dos clientes e, claro, sobre o budget que se quer gastar. Mas o objetivo final das 3 opções é bem semelhante e rendem visuais muito elegantes nos ambientes.

Na Casa Alegre, os cobogós permitem a entrada da luz na àrea externa da casa. | Projeto Rawi Arquitetura + Design | Foto: Juliana Deeke

Vale ressaltar que, como os cobogós são sempre fixos, são mais utilizados em locais onde a luz deve ser controlada permanentemente ou em espaços em que se requer mais privacidade, como em corredores, lavanderias, fachadas com escada. Já os muxarabis, quando feitos articulados ou de correr, podem ser mais direcionados para os quartos e varandas, até mesmo salas em regiões mais quentes. Os brises são mais versáteis, poderiam ser utilizados em ambos os casos a meu ver.
No design de interiores os cobogós são muito utilizados como divisórias de ambiente e os muxarabis como portas de giro ou correr, para fechamento de cozinha integrada por exemplo, e até mesmo com efeito decorativo por meio de painéis, por exemplo.

Texto elaborado por dc33 Comunicação

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